Estado vai receber mais de R$ 20 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos
Referência na produção de gado e grãos, o Mato Grosso do Sul tornou-se – nos últimos anos – destino de grandes investimentos industriais de base florestal. Uma nova paisagem, principalmente no eixo entre os municípios de Três Lagoas e Campo Grande, estabeleceu também uma nova vocação para a região: a silvicultura.
E não é de hoje. Produtores rurais e investidores aproveitaram bem os incentivos fiscais da década de 70. Na época, mais de 500 mil hectares foram plantados. Boa parte desse eucalipto virou carvão vegetal e estabeleceu também um precedente para novos investimentos.
O secretário de estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, apresentou os números que refletem essa expansão na manhã desta segunda-feira, 5, em conferência internacional para investidores florestais, conhecida como Dana Rio.
“Em 2004 tínhamos menos de 100 mil hectares de eucalipto. A projeção para dezembro deste ano é fecharmos com 900 mil hectares”, ressaltou Verruck. O crescimento é de nove vezes na área plantada não veio sozinho. Hoje o parque industrial de base florestal de Mato Grosso do Sul é formado por aproximadamente 70 empresas que consomem mais de 12 milhões de metros cúbicos de madeira por ano.
E se nos últimos 10 anos foram investidos mais de R$ 15 bilhões em projetos como os da International Paper, Fibria e Eldorado Brasil, os números para os próximos dez são ainda maiores. “Estão previstos, pelo menos, mais R$ 20 bilhões na instalação e expansão de unidades industriais e também no plantio de florestas em Mato Grosso do Sul”, citou Jaime Verruck em sua apresentação.
Na contramão da crise
Esses investimentos e projeções amenizam significativamente os efeitos da crise política e econômica pela qual atravessa o país e também atinge o Mato Grosso do Sul. Atualmente, Três Lagoas, conhecida como capital mundial da celulose, vive algo inusitado: a expansão simultânea das duas fábricas de celulose do município. Além disso, na vizinha Água Clara, a construção de uma fábrica de MDF está a todo vapor. “Também publicamos, no dia 1° deste mês, o termo de referência e estudo ambiental preliminar para instalação de termelétricas acima de 10 megawatts que utilizem como combustível derivados de madeira, biomassa, gás natural e metano”, ressaltou o secretário.
A publicação desse termo de referência tem por objetivo viabilizar a instalação desse tipo de empreendimento em Mato Grosso do Sul, aproveitando a oportunidade que será oferecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Em janeiro, a Aneel fará um leilão de energia gerada a partir de biomassa e já temos pelo menos seis empresas interessadas em explorar esse tipo de atividade em nosso Estado. Um dos pré-requisitos para a participação no certame da agência é apresentar a Licença Prévia (LP) de instalação e as empresas que nós já captamos necessitam desse documento. Como se trata de uma nova categoria de empreendimento em Mato Grosso do Sul, nós, no Imasul, trabalhamos para disponibilizar ao público interessado um termo de referência padrão para agilizar o processo de obtenção da LP e também para atrair mais investidores”, informou Jaime.
Segundo ele, uma das empresas vai instalar uma UTE em Costa Rica com a produção de energia a partir de biomassa de pinus. “É uma empresa portuguesa que deverá alcançar 25 mil hectares com um investimento total de R$ 1,2 bilhões”, concluiu.